domingo, 22 de julho de 2012

    AMORES VIRTUAIS
.
Não brinque com amores virtuais
eles são como todos os amores,
provocam as mesmas mágoas, mesmas dores
daqueles que chamamos de normais

Estes porém machucam mais,
pois nunca dividem os cobertores,
dos beijos não se provam os sabores
nem vão-se pelos ímpetos carnais

Mesmo assim, quando este amor acaba,
os dias perdem o brilho, a alegria,
parece que ao redor tudo desaba

E a solidão ao cúmulo se revela;
chorar-se um frágil amor que só havia,
na fina transparência de uma tela

JENÁRIO DE FÁTIMA

quinta-feira, 19 de julho de 2012

      AMO-TE 



Jenário de Fátima 

Eu te amo, com a força dos temporais,
Com a fúria incontrolável dos vulcões.
Com a energia acumulada nos trovões
Desde longos tempos imemoriais.

Eu te amo, com a leveza dos cristais,
Com a textura das rosas em seus botões.
Com as notas delicadas das canções
Com as cores de mil roupas nos varais.

Eu te amo todas as horas do dia
E este amor ora leveza, ora tormenta,
Este amor que hora é prazer ora agonia

Pra meu barco é a segurança de um cais.
Muito embora ele saiba e se contenta
Que apenas é so mais um!...e nada mais! 
     TRISTEZA


Chora de manso e no íntimo... Procura
Curtir sem queixa o mal que te crucia:
O mundo é sem piedade e até riria
Da tua inconsolável amargura.
Só a dor enobrece e é grande e é pura.
Aprende a amá-la que a amarás um dia.
Então ela será tua alegria,
E será, ela só, tua ventura...
A vida é vã como a sombra que passa...
Sofre sereno e de alma sobranceira,
Sem um grito sequer, tua desgraça.
Encerra em ti tua tristeza inteira.
E pede humildemente a Deus que a faça
Tua doce e constante companheira...

MANOEL BANDEIRA
    QUERERES
(Jenario de Fátima)

Quero abrir hoje todas as janelas,
Deixar que invada o sol meu quarto a dentro,
Soltar amarras, enfunar as velas,
Ir dos meus mares navegar ao centro.

Quero pintar alegres aquarelas
E não deixar, pelos versos que invento,
Nenhum vestígio de dor ou sequelas,
Destas que o amor traz a qualquer momento.

Quero sentir o vento no meu rosto,
Ir beber água da mais pura fonte,
Me inebriar na luz d'algum sol posto

E antes que a noite torne a terra um breu,
Eu quero crer que as nuvens do horizonte
Escrevem o teu nome junto ao meu.
  Casitas brancas 

Casitas brancas do Minho
Onde guardam os tesouros,
As fadas d'olhos azuis
E lindos cabelos loiros.

Filtros de beijos em flor,
Corações de namoradas,
Nas casas brancas do Minho
Guardam ciosas as fadas.

FLORBELA ESPANCA

Arte by Willen Haenraets.
   AMORES E AMORES
Claudia Dimer

Há amores incontáveis;
Os infinitos, os breves,
Platônicos, intocáveis,
E os que rolam sobre a neve

Há amores verdadeiros
E os amores inventados,
Os que marcam por inteiro
E os que morrem no passado

Há os amores que ficam
E os amores que se vão
Amores que sobrevivem
E os que morrem de paixão

Há amores que não chegam
Há amores que não saem
Há amores que nos cegam
Amores que bem nos caem

Há amores já findados,
Amores nunca vividos,
Os amores tão sonhados
E os amores esquecidos

E os amantes que sofreram
De um amor as cruéis dores
É porque não decoraram
Que existe "amores" e amores.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

  Ó peso do coração!...

Ó peso do coração!
Na grande noite da vida,
teus pesares que serão?

A sorte amadurecida
resplandece em minha mão:
lúcida, clara, polida.

Nem saudade nem paixão
nem morte nem despedida
seu brilho escurecerão.

Na grande noite da vida
brilha a sorte. O coração,
porém, é a dor desmedida.

Maior que a sorte e que a vida...

Cecília Meireles
In: Canções (1956)

quinta-feira, 12 de julho de 2012

POESIA É ...

  Rε¢iταr α αlмα
  Ծμvir αs εмσçõεs
  Єxαlταr σ αмσr
  Tαмbέм fαlαr dα dσr

  Ðεs¢rεvεr αs sεηsαçõεs
  мαis ρμrαs dσ sεr hμмαησ.
  É vσαr ηα iмαgiηαçãσ
  É sεr μм ρσμ¢σ iηsαησ
  É lεvαr sεητiмεητσs

  Ðαr αlεητσ ασs sσfriмεητσs
  É ρrσραgαr lμz ε στiмisмσ
  É dεs¢rεvεr σ dεsεjσ dε μм
  Sσηhαdσ ραrαísσ.

  Pσεsiα έ...

  Ðσαr μм ρσμ¢σ dε si
  Дliviαr α dσr dε μм αмigσ
  Ðαr ασ ¢σrαçãσ μм dσ¢ε
  ε мάgi¢σ αbrigσ.

  Єμ qμεriα sεr ρσετα ραrα dεrrαмαr
  Єм vεrsσs iηfαητis ε iηgêημσs
  Ծ мαis bεlσ sεητiмεητσ...

  Mαs, α мαis bεlα ρσεsiα έ α qμε
  μм ¢σrαçãσ rε¢iτα α σμτrσ ¢σrαçãσ - Liu
Bem, hoje que estou só e posso ver

Bem, hoje que estou só e posso ver 
Com o poder de ver do coração 
Quanto não sou, quanto não posso ser, 
Quanto se o for, serei em vão, 
Hoje, vou confessar, quero sentir-me 
Definitivamente ser ninguém, 
E de mim mesmo, altivo, demitir-me 
Por não ter procedido bem. 

Falhei a tudo, mas sem galhardias, 
Nada fui, nada ousei e nada fiz, 
Nem colhi nas urtigas dos meus dias 
A flor de parecer feliz. 

Mas fica sempre, porque o pobre é rico 
Em qualquer cousa, se procurar bem, 
A grande indiferença com que fico. 

Fernando Pessoa

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O sol   penetrou pelas frestas da janela,
invadiu o meu quarto,
vasculhou a minha cama,
tentando me acordar.

A claridade me incomodava,
não abri os olhos,
eu queria mais tempo para sonhar!

A vida lá fora me chamando,
e eu aqui, na minha solidão
te desejando,
ansiosa por te amar.

E tu onde estás?
Distante de mim,
e ao mesmo tempo aqui tão perto
a me provocar   L@y Rios
Ah! Os Poetas Sabem Voar!



E como eles sabem nos fazer voar... 

Duvido quem nunca tenha lido
Um Drumond ou um Quintana
E por um instante sofrido
Lembrado de quem se ama

Ah! eu duvido!
Duvido quem nunca leu Neruda
E por alguns segundos
sentido
Uma felicidade desnuda

Ah! Os poetas sabem voar
Levam-nos ao um mundo distante
Ensinam a arte de amar
A olhar a vida de forma brilhante
E nos ensinam a voar

Ah! Como nos fazem voar
Voar pelas doces poesias
Sentindo uma doce magia
Alegrando nossos dias

Ah! Como é bom poder voar
Voar pela imaginação
Passar por caminhos da sedução
E falar sobre a paixão
(S. Passolongo)

segunda-feira, 9 de julho de 2012

     

Cartas de amor



Já não se escreve mais cartas de amor...
Já não se envia mais doces relatos...
Já não se data as costas dos retratos
Aqueles que com tempo perdem cor.
.
Tudo hoje é feito no computador
E nesta nova forma de relato
O que se vê é tão somente um fato;
- O romantismo já não tem valor-
.
e por mais que o Homem mude seus costumes,
Sempre haverá nos céus distantes lumes
Das estrelinhas que nos dão ajuda.
.
Quando nós vemos n´alma angustiada
Somente a ausência da pessoa amada
Presa na dor de amar, que nunca muda!


Jenário de Fatima

domingo, 8 de julho de 2012


     Os versos que te dou


Ouve estes versos que te dou, eu
os fiz hoje que sinto o coração contente
enquanto teu amor for meu somente,
eu farei versos...e serei feliz...
E hei de faze-los pela vida afora,
versos de sonho e de amor, e hei depois
relembrar o passado de nós dois...
esse passado que começa agora...
Estes versos repletos de ternura são
versos meus, mas que são teus, também...
Sozinha, hás de escuta-los sem ninguém que
possa perturbar vossa ventura...
Quando o tempo branquear os teus cabelos
hás de um dia mais tarde, revive-los nas
lembranças que a vida não desfez...
E ao lê-los...com saudade em tua dor...
hás de rever, chorando, o nosso amor,
hás de lembrar, também, de quem os fez...
Se nesse tempo eu já tiver partido e
outros versos quiseres, teu pedido deixa
ao lado da cruz para onde eu vou...
Quando lá novamente, então tu fores,
pode colher do chão todas as flores, pois
são os versos de amor que ainda te dou.

Poema de JG de Araújo Jorge
     Menina

Sou menina levada,
ingênua e atrevida!
Mas, quando amada,
sou mulher liberta...
Dengosa ou bandida!
Dócil, como uma ave
mansa engaiolada
ou cruel e traiçoeira
serpente atiçada!

Sou a chama inútil da vela
que tenta em vão clarear o dia
e o medo na noite sombria.
Sou a alegria da chegada
ou a triste despedida...

Sou o calor que nasce com o sol
ou chuva, trazendo o frio.
Branda, como a calmaria do lago
ou feroz como o mar bravio!

Sou bondade, quando preciso
ou maldade, se ferida!
Sou o sorriso na face bela
ou a lágrima maldita!
Sou a lembrança do passado,
- Sou a esperança perdida!...

(Ginna Gaiotti®)
Amo-te como sempre te amei.
Já me perdi em poesias,
em rimas tortas me embrenhei.

Desejo-te como sempre desejei.
Nas insônias de meus dias
em carícias tantas te toquei.

Desfruto-te como sempre desfrutei.
No desvario de minhas fantasias
em teu mel me lambuzei.

Calo-me, como nunca me calei,
para ouvi-la no que dizias
enquanto vivo o que sonhei.
(Mauro Gouvêa)
     Vidas Paralelas

Não sei o que o tempo reserva
Nem tento entender o porquê
Eu sigo o brilho do sol
O brilho, segue você.

Você vem a vai com o vento
Eu deixo o tempo passar
Você, é tormenta, explosão
Eu sou, o momento, ilusão.

Seguimos como paralelas
Riscando o caminho com giz
Seu risco é corrido, ligeiro
O meu, tal e qual cicatriz.

Eu sento no meio da festa
Você quer dançar e pular
Eu vivo na beira do espaço
Você o espaço a ocupar.

Opostos, mas tão parecidos
Grãos de arreia, ondas do mar
Você sonha em vida corrida
Em sonhos, vivo a te amar.

Almir Capthor

sábado, 7 de julho de 2012


Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

Cecília Meireles

quinta-feira, 5 de julho de 2012


De repente me deu vontade de um abraço...
Uma vontade de entrelaço, de proximidade...
De amizade, sei lá...



Talvez um aconchego que enfatize a vida
E amenize as dores.


Deu vontade de pode rever saudade
de um abraço.
Só sei que que me deu vontade desse abraço.

(Vinícius de Moraes)
Tenho fases, como a lua,
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!


Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia, o outro desapareceu...


_Cecília Meireles_
As sobras de versos pelas quinas
Nos jardins e nas campinas
Onde as cores borboleteiam

Pelos portos, pelas praias,
Ande quebram-se as ondas
E as gaivotas gralham


Pelos céus da cidade e do sertão
Onde as nuvens são por horas

Seda em algodão, ou cinza em carvão.

Pelos cantos de fácil acesso
Onde a naturalidade faz morada



E as palavras brotam
A espera de serem colhidas.

Sou aquele que colhe
O que a pressa dispensa
E a ignorância descarta.


_Catarino Salvador_
    Pássaro preso

Faça de mim aquilo que quiseres,
Sacie tua carne, teus desejos.
Tua intenção, seja qual lá tiveres,
Minha hora é submissa a teus ensejos.



Mas por favor, aquilo que me deres,
Não diga a teus amores andarejos.
Não tens idéia o quanto me feres,
Quando contas ao mundo dos meus beijos...




De ti já quis me livrar, fugir, porém,
Ao ver as ilusões que a liberdade tem
Somente uma certeza enfim obtive;




É que sou qual uma ave de gaiola
Que ao soltar-se, vai ao céu, voa, decola,
Mas fora da prisão não sobrevive.

Jenário de Fátima
   TANTO AMOR
Quanto amei em minha vida!
E nela ficou apenas a ferida
Da saudade que aqui ficou 
Que no coração ela marcou.

Meu amor foi de alma e coração
Sem saber onde iria chegar
Vivendo de amor e emoção
Que nunca iria acabar.

A ilusão de toda uma vida
E enxurrada despercebida
Alegria também interrompida.

Acabou-se enfim a esperança
Chegou à tristeza afinal
A vida continuou tudo igual
NAPontes

         DESNUDA AO MEU ÍNTIMO
(A Donzela d’ Meolá)

Desalmada em auge elegante e sorrindo,
Já me eras tu tão doce e tão bela;
Que as cantigas, em teus sons, ouvindo,
Eis d’eu vagar-te já por longa fusela...

Inda é deslumbrante, asseado e infindo,
Os teus rosais de cheiro em procela;
Que aos ventos em minh’alma, seguindo,
Eis o meu imo a pulsar-te a lapela...

Coração, que, desdenhado e tristonho
Pulsou... antes, de sonhar-te em meu amor
O que és de esperança em meu sonho...

E seguindo, Donzela, os teus caminhos,
Os teus raios em fusão de esplendor,
Hás d’eu cantar-te em mim teus carinhos...

Poeta Dolandmay

quarta-feira, 4 de julho de 2012

           Almas gêmeas

Quando minhas mãos tocam seu corpo,
sinto fagulhas a sair dos dedos...
Esse corpo delgado, de belas curvas
sabor de verdes uvas, recheado de segredos!

Saciando pouco a pouco, minhas loucuras,
percorrendo-te cada centímetro avistado,
delicio-me em cada pausa, cada beijo
em um êxtase louco, um tanto inusitado...

Nosso encontro não tem frescuras,
somos um do outro sem preconceitos
e em cada grito calado nos beijos
um gemido que leva as alturas!

Sou seu e você é minha.
E quando nos juntamos
ninguém, nada nos separa!
Nem um cataclismo nos desanima.
A cada encontro somos plenos,
de amor, prazer e desejos...
somo almas gêmeas a reclamar
o tempo perdido entre Universos
que nos afastaram nessa viagem entre vidas.

Pode o destino nos separar novamente,
mas nos reencontraremos na roda viva
de vidas... Idas e vindas eternamente.

Mando Mago Poeta

terça-feira, 3 de julho de 2012

       
‎.“Humildade

Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.

Que não sinta o que não tenho.
... Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.

Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.

Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.”
Cora Coralina

( ... ... ) Andei pelos caminhos da vida .
Caminhei pelas ruas do destino
- procurando meu signo .

Bati na porta da Fortuna ,
mandou dizer que não estava .

Bati na porta da Fama ,
falou que não podia atender .

Procurei a casa da felicidade ,
a vizinha da frente me informou
que ela tinha mudado
sem deixar novo endereço .

Procurei a morada da Fortaleza.
Ela me fez entrar :
deu-me vestes novas ,
perfumou-me os cabelos ,
fez-me beber do seu vinho.
Acertei o meu caminho .

Cora Coralina
          ‎"Procuro semear otimismo e plantar
sementes de paz e justiça.
Digo o que penso, com esperança.
Penso no que faço, com fé.
Faço o que devo fazer, com amor.
Eu me esforço para ser
cada dia melhor, pois
bondade também se aprende.
Mesmo quando tudo parece
desabar, cabe a mim decidir
entre rir ou chorar, ir ou
ficar, desistir ou lutar; porque
descobri, no caminho incerto da vida, que
o mais importante é o decidir."

Cora Coralina

           OLHAR ATEU

Tão lindos eram aqueles olhos, meu Deus!
Eram estrelas cintilando luzes de pecado... 
Tão trêmulos ficavam ao mirar os meus...
Que desviavam, do meu olhar aparelhado.

Tão linda era aquela face de olhares ateus!
Tinha a fronte desenhada, e lábio acetinado.
Tinha à boca o mel, na voz não tinha adeus...
Era canção viva, pura, de som edenizado!

O corpo era escultura de curvas desenhadas...
Os seios eram montes, das pombas embaladas.
Um anjo, uma donzela, a vagar a luz do dia!

Que eu a venha mirar nos olhos novamente...
Se for pra me perder, far-me-ei de contente...
Já que amá-la, meu Deus, é a minha fantasia!

Poeta Dolandmay
               Se tu viesses ver-me...
(Florbela Espanca)

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...


(Pintura de Willem Haenraets)
               A Espera... !!!


Poeta Cigano.

A frágil luz da choupana pouco clareava,
Uma pequena lareira tentava, ali, ajudar,
Uma fria noite, precocemente já chegava,
E, um medo interior parecia me dominar,
Enquanto ansioso e, choroso, a esperava!

Pela janela, via esse tenebroso anoitecer,
E também uma torrencial chuva desabar,
Um forte açoite do vento, a porta ranger,
Tudo isso lá fora, já estava a me assustar,
E essa temeridade não podia eu esconder!

Num rompante, ela na porta então surgiu,
Correndo e feliz, veio ela logo me abraçar,
Sua presença fez o meu coração, disparar,
E quando ela olhou-me nos olhos e sorriu,
De felicidade, então, eu passei a chorar!!!!
 
              Desejo


Jenário de Fátima

Quero estar bem junto a ti, a qualquer hora
Não importa a quilometragem e a distância
Pra saciar a minha sede, a minha ânsia
de ter-te enfim, comigo, aqui e agora.

Todo este tédio, o meu céu descolore
E talvez seja a falta da tua presença
Porém me fica a esperança,fica a crença,
De ter-te, um dia, mesmo que demore.

Quero tua boca, o teu corpo e o teu beijo.
Pra saciar a minha fome de desejo
E apagar este fogo que me inflama.

Depois do gozo, acariciar tua pele nua
E nem me importar, se com ciúme, a lua
Vier deitar junto de nós, na mesma cama.