quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A DANÇA

"Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio 
ou flecha de cravos que propagam o fogo: 
te amo secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva 
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores, 
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo 
o apertado aroma que ascender da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, 
te amo diretamente sem problemas nem orgulho: 
assim te amo porque não sei amar de outra maneira, 

Se não assim deste modo em que não sou nem és 
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha 
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho."

(Pablo Neruda)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

DEPOIS DA TEMPESTADE

Meio dia... Uma da tarde... Tempo quente...
As nuvens se avolumam, se amontoam,
Raios riscam os céus e trovões troam,
A tempestade faz-se de repente.

Mas logo a chuva cessa... águas correntes
Se escoam pelos ralos que as escoam,
O sol reaparece e as nuvens voam...
Deixando um arco-íris de presente.

A vida é feita assim... a natureza,
Alterna-se entre risos e tristeza,
Se faz por entre bens e dissabores...

Estou vivendo em plena tempestade,
Porém quero ganhar, no fim da tarde,
O encanto do meu arco-íris de mil cores!

Jenario de Fatima
CRIANÇA ETERNA

Liberte do fundo de tua essência
A parte da criança adormecida.
Que as vezes se faz triste, deprimida
Perdendo velhos traços de inocência.

O que somos agora é consequência
Dos rumos que tomaram nossas vidas,
E que a soma ao final de vindas, idas
Os passos ja não mostram mais cadência.

Por isso apenas hoje, hoje apenas.
Entregue-se ao riso de tolas cenas
Que por pudor tentamos esconder.

E creia que ser feliz é um direito.
Moldado na criança do teu peito
Que sempre insiste e teima não crescer.

Jenario de Fatima
COISAS DE PELE

Coisas de pele,coisas de desejo.
Coisas de corpos nus entrelaçados.
Coisas de olhares tortos,revirados.
Coisas de lingua muito alem do beijo.

Coisas de de êxtase,se puxar cabelos.
Coisas de musculos empedrejados.
Coisas de seios rijos excitados.
Coisas de liquido encharcando pelos.

Coisas de quimica,coisas de entrega.
Coisas de coxas que de tanto esfrega
Chega-se ao ápice de uma forma insana.

E ,apos o gozo,vai-se alegremente,
Dentre os gametas quem chegar a frente
Perpetuar o dom da raça humana.

Jenario de Fatima
Embuste

Jenario de Fátima

Abraços...e palavras...e sorrisos...
E atitudes tão calmas, tão serenas.
Chamadas de atenções, roubos de cenas,
Deliciosos beijos de improviso.

Inesperadas transas sem aviso,
E o cheiro adocicado de alfazema
Enchendo nosso quarto. E um poema,
De quando poetar, era preciso.

Vivíamos assim, mas foste embora.
Deixando (além de foto sobre a mesa)
Um peito...um coração que sempre chora,

Que pena... que reclama... que delira...
E que tem somente agora a certeza,
Que aquilo tudo, tudo era mentira!

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Minha casa velha da ponte... assim a vejo e conto, sem datas e sem assentos. Assim a conheci e canto com minhas pobres letras. Desde sempre. Algum dia cerimonial foste casa nova, num tempo perdido do passado, quando mãos escravas a levantaram em pedra, madeirame e barro. Esquadrejaram tua ossatura bronca, traçaram teus barrotões na cava certa e profunda dos esteios altos, encaixaram teus linhamentos, cumeeiras, pontaletes, freixais, arrochantes e empenas, duras aroeiras, lavradas a machado, com cheiro de florestas, arrastadas em carretões de bois. (Cora Coralina).

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013


ÚLTIMA VEZ

Só me resta esta noite
Para eu ficar contigo.
Terei sua companhia
E o calor do seu abrigo.

Aqui, pela última vez
Aquecerei o meu coração,
Pisarei por este chão
E te perderei de vez.

Depois irei por aí andar,
Sem forças a lembrar
Do que ficou para trás:
Minha calma, minha paz!

Sairei vazio, chorando,
Culpado de o amor morrer.
Não soube amar, te merecer.
Fiz lágrimas rolarem em você.

Só me resta esta noite!
Pela última vez te olhar.
Marcar em mim o adeus,
Sem esperança de voltar...

Benjamines

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Tanta luz.


Você que tudo reclama.
Você que tudo maldiz.
Que vive inventando drama
Com que tem nunca é feliz.

Olhe pra tarde que inflama
Em rubra e viva matiz.
Olhe a verdejante rama
Onde brota a flor-de-liz.

Olhe e agradeça a Deus
pela luz dos olhos seus
porque se acaso perde-la.

Vera que toda ambição
não vale a menos porção
do brilho dálguma estrela.

Jenario de Fatima
 Casinha Branca
José Augusto

Tenho andado tão sozinho ultimamente
Que nem vejo em minha frente

Nada que me dê prazer

Sinto cada vez mais longe a felicidade
Vendo em minha mocidade
Tanto sonho perecer

Eu queria ter na vida simplesmente
Um lugar de mato verde
Pra plantar e pra colher

Ter uma casinha branca de varanda
Um quintal e uma janela
Para ver o sol nascer

Às vezes saio a caminhar pela cidade
À procura de amizade
Vou seguindo a multidão

Mas eu me retraio, olhando em cada rosto
Cada um tem seu mistério
Seu sofrer, sua ilusão




Jenario de Fatima

Passo no tempo , sou somente pó.
E enquanto pó eu não volto a ser
Vou desfazendo os laços, cada nó
Que a vida mostra, para eu crescer.

E se as vezes de mim tenho dó
Se minha história eu começo ler.
Olho pro lado e ao sentir-me só
Esqueço tudo, o que eu ia fazer

Por certo ha talvez, quem diga
Que o passar dos anos nos obriga
Vencer o medo que sempre nos ronda.

E não parar nem mesmo um segundo
Como o mar, imenso mar profundo
No vai-e-vem de sua eterna onda.

©Todos os Direitos reservados

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

TEU BEIJO

Este teu beijo amor, será tão doce
Como é doce o pio da Cotovia?
E se de mel, amor, ele não fosse
De que então, amor, ele seria?


Seria da cor que o arco-iris trouxe
Pra colorir nossa tarde vazia
Ou feito aquele amasso que findou-se
Em uma cama bem quente e macia?


Teu beijo amor, diga qual o gosto
Pra eu saber o que nele foi posto
Além do mel, um pouco de pimenta.


E se eu entender talvez consiga
A ver um aviso onde se lê: siga
Nesta loucura que o amor inventa.

Jenário de Fátima

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013


‎"Ciúme"

J. G. de Araujo Jorge

Encontro em ti tudo o que imaginara
na mulher, para ser o meu ideal;
- não é só teu olhar, tua voz clara,
e essa expressão que tens, sentimental!...

Nem essa graça ingênua, hoje tão rara,
de quem não sabe onde se encontra o mal,
ou teu riso feliz, que se compara
ao tinir de uma taça de cristal...

É tudo em ti, traço por traço, tudo!
As tuas mãos são rendas de ternura;
teus carinhos, macios, de veludo.

Por isso mesmo é que é maior a dor,
quando amargo a mais íntima tortura
por não ter sido o teu primeiro amor...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013


DOCE MULHER!!

Ás vezes só precisamos de alguém
Que nos ouça mesmo sem palavras
Que afague nossa alma, nosso ser
Sem questionar o motivo das lágrimas
Aquelas que ás vezes caem sem perceber
Mulher é assim...fortaleza por fora
Mas por dentro frágil, boba e sensível
Só precisa de um abraço apertado
De um sorriso estampado nos lábios
De um brilho aconchegante no olhar
Para fazer novamente o coração sorrir.

(Kity Araújo)
Lei de Direito Autoral (nº 9610/98)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

                                                          A dança do Tempo                                                                           
Era um outro tempo,dentre outras eras.
Via no mundo um fervilhar de cores,
Na boca o gosto doce dos sabores,
No campo o sol bordava primaveras.

Não se existia o tédio das esperas.
Acontecia tudo sem favores.
Por entre os beijos fartos dos amores
O tempo deslizava outras esferas.

Mas aquele tempo foi-se,um outro veio.
Este mais sério,mais sisudo e feio
(Pra velhos o tempo não faz folia...)

Assim eu fico preso nas lembranças
Enquanto no relógio segue as danças
Das horas sonolentas do meu dia.


©Jenário de Fatima. Todos os direitos reservados.
                                         
Uma casinha branca ao pé da serra.
Onde o poente enegrece mais cedo.
Um sabiá cantando no arvoredo
E um bezerrinho que distante berra.

E quando o dia a pálpebra descerra
E a lua vem bater nos lajetos
Possa eu sentir pelas pontas dos dedos
Toda energia que emana da terra...

Num canto assim quero findar meus dias.
Tirar da Terra meu próprio sustento
E meio as manhas de alvoradas frias

Pelo interior deste simples abrigo
Bem mais que a neblina que carrega o vento,
Eu tenha alguem quem amo comigo

©Jenário de Fatima. Todos os direitos reservados.